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Mês da Mulher - Especial "Mulheres do Xingu": Tânia

Texto: Miriam Gimenes

“Estar com meus alunos faz eu me sentir mais jovem”

Estar em uma sala de aula é via de mão dupla. Ao mesmo tempo que o professor oferece aos alunos o seu conhecimento sobre determinada disciplina, também recebe muito, tanto em aprendizado quanto acolhimento. É o que avalia a professora de inglês da Etapa 2 do Colégio Xingu, Tânia Nagrockis, 55 anos, 13 deles fazendo parte do corpo docente da escola. “Tenho uma relação muito boa com os meninos e meninas. E estar com eles faz eu me sentir mais jovem. Já caminho para terceira idade, mas estar com eles é sempre uma energia que motiva meus dias”, comemora.
Tânia trabalhou como secretária por duas décadas. Sempre gostou muito da língua inglesa e, ainda que a carreira estivesse consolidada, deixou tudo para se dedicar à educação. Fez especialização e passou de uma mesa de escritório para sala de aula. Atitude, para ela, acertada. “Nesta pandemia, por exemplo, dar aula tem me ajudado muito. Meu filho mora no Canadá e ano passado tentei vê-lo três vezes. Não pude viajar por causa do coronavírus. Isso teve um custo emocional gigantesco e foram os meninos e meninas que me ajudaram a atravessar a pandemia. Trabalhar tem sido um propósito e, embora o enfrentamento da pandemia continue sendo tão difícil, ainda pude tirar algo positivo de tudo isso. Foi um ano de autoconhecimento, voltei a estudar e procurei canalizar toda energia para aperfeiçoar todas as minhas técnicas e didáticas, que têm funcionado muito bem.”
A professora está terminando um curso de neurociência, que tem a ajudado principalmente nas aulas on-line, com seus queridos alunos. “Resolvi fazê-lo no ano passado, porque estava muito sozinha, e acabei encontrando na neurociência uma ferramenta muito poderosa de dinamizar as aulas, estreitar o vínculo, foi muito bom”, avalia.
Tânia também é militante da causa feminista. Lembra que trabalhou em sala de aula, junto com os professores do Xingu de outras disciplinas, em 2019, a questão de igualdade de gêneros, em 2019. “A escola se debruça seriamente sobre essas questões. Esse projeto foi um trabalho imenso, que levou dez meses para ser concluído, fizemos nossa parte no quesito educacional e foi muito bom. Mas em termos de sociedade, do que vivemos hoje, ainda falta muito para evoluirmos neste assunto. Não estou falando do Brasil, mas do mundo. Essa mudança de consciência vai acontecer, mas ainda é um processo que está engatinhando de forma lenta.”
Como não é possível traçar planos futuros, principalmente neste momento, a professora quer apenas que essa situação passe logo. “Quero poder ver meu filho pessoalmente, algo que não faço há quatro anos. Sonho em abraçá-lo. E, para os meus meninos e meninas, que me conhecem bem, quando estamos no presencial gosto de beijos, abraços, principalmente quando estou triste. Mas o momento não permite. Quero que possamos estar juntos novamente, voltar o mínimo de normalidade. Como ainda não há previsão, só peço que seja em breve.”