CLUBE VERDE DO COLÉGIO XINGU ENSINA QUE CUIDAR DO MEIO AMBIENTE É UMA CAUSA URGENTE
Texto: Miriam Gimenes
As altas temperaturas que temos enfrentado nos últimos tempos é um sinal de alerta: o meio ambiente pede socorro. Se antes os termômetros obedeciam as estações do ano, essa realidade já não é uma constante. Não à toa as questões climáticas têm sido discutidas em diversos eventos pelo mundo - o próximo será o COP28, nos Emirados Árabes, no final de novembro. Preocupados com essa causa urgente, estudantes do Colégio Xingu criaram, em 2019, o Clube Verde, que ensina aos alunos os cuidados necessários com a natureza e promove constantemente campanhas de conscientização para toda comunidade.
O Clube, que existe há cinco anos, é liderado pelas professoras Maura Letícia Brito, do Fundamental I, e Claudia Giraldi, de Geografia. Os encontros, que contam com estudantes a partir do 4º ano, são quinzenais, fora do horário de aula, e funcionam como espaço de discussão de ações dentro do Colégio e na comunidade. “Tudo começou em 2018, quando uma aluna do 9º ano, Maria Eduarda Monge, começou a recolher materiais recicláveis no entorno da escola e trouxe a proposta para Viviane (diretora). Desde o princípio fui a professora convidada para orientar os trabalhos e, de início, convidamos alunos da etapa 2 para participar. As atividades sempre são focadas em repensar o que poderíamos fazer em relação ao tema da sustentabilidade”, relata Claudia Giraldi.
Ao longo dos anos, diversas ações foram realizadas, sempre com o foco em conscientizar sobre a importância da reciclagem e a incentivar a coleta de materiais dentro do colégio e também em casa. “Buscamos, por meio de pesquisas e rodas de conversa, ter um olhar atento às necessidades do momento. Observando o ambiente escolar, por exemplo, verificamos um alto consumo de copos descartáveis. Realizamos, então, com o aval da diretora Viviane, a substituição dos copos descartáveis por reutilizáveis. Também procuramos orientar para que os alunos tragam suas próprias garrafinhas”, explica Maura. Entre as ações recentes, completa a professora, está a do grupo ‘Amigo das Tampinhas’, que incentiva a todos a separarem as tampas plásticas que podem ser trocadas por ração para animais de rua.
Claudia também cita ação realizada ano passado pelo Clube para recolher assinaturas para a campanha Amazônia de Pé, com o objetivo de encorpar o Projeto de Lei de iniciativa popular que cobra do governo federal a proteção do bioma amazônico. A ideia da iniciativa é destinar a proteção de 50 milhões de hectares de florestas públicas da Amazônia aos povos indígenas, quilombolas, pequenos produtores extrativistas e Unidades de Conservação. “Os estudantes do Clube Verde abordaram, durante horário de entrada e saída da escola, os pais e moradores do redor, explicando a importância do projeto, da manutenção da Floresta Amazônica para o meio ambiente e coletaram cerca de 400 assinaturas, que foram enviadas para os organizadores.”
A campanha, segundo a ONG Nossas, responsável pela iniciativa, virou um movimento, ganhou o apoio de ativistas voluntários, organizações, espaços culturais, escolas e universidades em todas as regiões do país, e alcançou, até o momento, 181 mil assinaturas - é preciso 1,5 milhão para que o projeto chegue ao Congresso. A busca de apoio, portanto, continua.
PARCERIAS
Os materiais recolhidos pelo Clube são destinados a parceiros. Um deles é a ONG Oito Elementos, de Santo André, que realiza a destinação de resíduos por meio de alternativas de economia circular. “Eles fazem parte de um movimento nacional para atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Quando temos um certo volume de materiais, avisamos e eles vêm retirar. Também tem a Entre Rodas, específica do lacre das latas de alumínio. É um projeto que acolhe mães e meninas com deficiência ou vítimas de agressão e também oferta cadeiras de roda depois do material vendido e aproveitado pelas indústrias”, diz Claudia.
Os alunos que participam da iniciativa acreditam que sempre é tempo de repensar nossas ações para garantir um futuro sustentável. “Com a minha entrada no Clube Verde comecei a prestar atenção no que faço, para que não prejudique o meio ambiente. Precisamos ajudar a combater o aquecimento global”, afirma o aluno do 7ºA, Miguel Moro, que está desde o ano passado neste grupo de trabalho. “Com o Clube aprendi a jogar o lixo no lugar correto e não a gastar água e luz, é preciso preservar o meio ambiente”, alerta Beatriz Silva Oliveira, do 5ºA.
Eles estão no caminho certo. “Acreditamos que é possível repensar nosso estilo de vida e descartar materiais nos locais indicados. Temos de repensar a sociedade de consumo, que impacta tanto o meio ambiente, utiliza demais os recursos naturais, principalmente os não renováveis. O clima tem mostrado pra gente excesso de chuva, seca, calor exagerado, tem alertado que a nossa sociedade precisa repensar esse estilo de vida contemporâneo”, sintetiza a professora Claudia.
Como disse o líder indígena Ailton Krenak, ativista ambiental homenageado em uma das paredes do Colégio Xingu - e que acaba de ser eleito como imortal da Academia Brasileira de Letras - ‘estamos passando é uma espécie de ajuste de foco no qual temos a oportunidade de decidir se queremos ou não apertar o botão da nossa auto extinção.’ Ainda é tempo de mudar o rumo da história da humanidade.