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A cultura hip hop e seu uso na educação

FUNDADOR DO GRUPO MATÉRIA RIMA FALA NO XINGUCAST SOBRE A CULTURA HIP HOP E O SEU USO NA EDUCAÇÃO

Texto: Miriam Gimenes

O hip hop é um movimento artístico originado nos Estados Unidos que engloba música, dança de rua, discotecagem e grafite. Foi essa a força motriz que inspirou o MC Joul a fundar o Matéria Rima, em 2002, em Diadema. E no aniversário de 50 anos do Colégio Xingu, a escola recebeu uma apresentação do grupo, que utiliza a arte também como uma ferramenta de aprendizagem para estudantes, o que foi tema desta edição do XinguCast, que teve entre os entrevistados o rapper e seu filho, o MC Nicolas, que já desponta como seu herdeiro de amor à arte. Isso se dá com uma abordagem lúdica e dinâmica, em oficinas que abrangem a cultura urbana realizadas pelo Matéria Rima em escolas públicas e em outros locais educativos. Pelo trabalho, o grupo recebeu o Prêmio Nacional Itaú Unicef em 2015, uma honraria concedida a organizações não-governamentais que trabalham pela educação integral de crianças em situação de vulnerabilidade. Concorreu novamente três anos depois, quando alcançou o décimo lugar. Além desta atuação importante, o grupo também realiza ‘workshows’, como o apresentado no Colégio Xingu, em que detalha os elementos da arte do hip hop e promove ideias como a valorização da aprendizagem e leitura, do respeito ao próximo, da autoestima e da cultura de paz. “A paz, o respeito ao próximo, empatia, todos esses temas tão atuais, nós pregamos há anos. Só que, por ser uma cultura marginalizada, vindo dos jovens, ninguém entendia o que estávamos querendo dizer. Hoje, com o break nas Olimpíadas, a ascensão de grafiteiros famosos como OsGêmeos, o Kobra, está fazendo com que o hip hop mostre a sua cara que é, basicamente, trocar a violência pela paz, trocar a violência por arte, mostrar caminhos mais saudáveis para juventude.” Joul lembra que o trabalho que oferecem é de apoio, para reforçar o que as crianças e adolescentes aprendem em casa. Lembra que ele mesmo, quando mais novo, tinha dificuldade na escola - chegou a ficar fora dela, porque não sentia pertencimento - e foi com a arte aprendida no hip hop que conseguiu voltar a estudar e, inclusive, tirar sua primeira nota 10, fazendo da matéria suas rimas. “A professora não acreditava, achava que eu tinha colado. Quando vi já estava cantando até para a diretora, depois para o país todo. Quando você canta, dança, desenha, o entorno já te olha diferente. O hip hop te mostra seus caminhos e é o conhecimento que, ao final de tudo, dá essa autoestima para gente. Ele abre os caminhos para buscar as possibilidades. Para aprender a escrever uma rima, tive de ler muito”, lembra. Nicolas, que participa de todo projeto desde pequeno, lembra que cada escola em que visitam ‘é como se fosse uma cidade’ e, antes de trabalharem com os alunos, de forma lúdica, são elencadas as suas necessidades. "Quando íamos apresentar para os colégios, algumas diretoras falavam: ‘hip hop aqui não’, independentemente dos argumentos que a gente apresentava. Hoje, depois do Matéria Rima ganhar diversos prêmios, as escolas passaram a chamar a gente, o que é um sonho realizado.” A expertise de 20 anos do grupo - que em maio e junho se apresenta todo sábado no Itaú Cultural, em São Paulo - ajuda a sanar as demandas urgentes das comunidades escolares. A arte salva.

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