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Ação de combate à violência nas escolas

AÇÃO PELA PAZ É REALIZADA POR ALUNOS DO COLÉGIO XINGU

Texto: Miriam Gimenes

Quem passa pela frente do Colégio Xingu certamente nota fitinhas brancas amarradas no portão de entrada e saída. Elas não estão lá em vão. Cheias de significados, foram amarradas pelos alunos que, norteados por professores e a Equipe de Ajuda da escola, colocaram nelas mensagens de esperança e paz, tão importantes para este momento que vivemos. A iniciativa teve por objetivo sensibilizar os estudantes e chamá-los para uma ação coletiva, lembrando sobre o Dia Nacional de Combate ao Bullying, que foi em 7 de abril (feriado), e também em razão dos últimos atos de violência em escolas públicas e privadas do Brasil.

Empatia, amor ao próximo, carinho, amizade foram alguns dos escritos colocados na fachada do colégio. Segundo a professora de Convivência Ética, Renata Adduci, que liderou as equipes de ajuda com as classes do Fundamental II, alertou sobre a importância de propagar palavras boas em tempos que tanto pais quanto os estudantes ficam amedrontados com os noticiários que cercam o cotidiano escolar. “Retomamos isso com os alunos, já que o Dia Nacional de Combate ao Bullying foi feriado. Como gancho, pegamos o fato do que estamos vivendo nas escolas, essa questão dos atentados, para que as equipes trabalhassem com os demais alunos as reflexões importantes.”

Renata lembra que o bullying ocorre por diversos fatores e todos eles têm de estar no radar dos educadores e familiares. “Em grande parte dos casos que infelizmente ocorreram, estas pessoas que cometeram atentados não sentiam a escola como um lugar de pertencimento, de acolhimento, e isso fez com que estes alunos explodissem, retornassem e fizessem o pior. Essa reflexão foi feita pela Equipe de Ajuda, que lembrou que neste momento difícil é importante reforçar os valores que a gente acredita para ter um mundo melhor.”

Os alunos mais novos, do Infantil e Fundamental I, também participaram da ação pela paz, mas norteados pelos respectivos professores que estavam em sala no dia. “Foi muito bonito o engajamento de todos, que foram lá colocar as fitinhas com suas palavras de esperança para que toda comunidade pudesse olhar. Fizemos até um vídeo”, ressalta a professora. Segundo ela, ainda que sejam pequenos, é inevitável que as notícias cheguem às crianças de alguma forma e, por isso, é preciso orientá-los e fazer o acolhimento. “Quando eles falam que têm medo, temos de validar esse sentimento. É importante reconhecer para que se sintam acolhidos e acreditamos que esse trabalho colabora para a formação da autoestima deles. Reforçamos que nossa escola está tomando as medidas para ser um ambiente seguro para eles, queremos que se sintam protegidos.”

A professora alerta para um fato importante: os ataques foram feitos por meninos. E por que? “Com os mais velhos do 9º ano, consegui fazer essa reflexão. Por que são homens? Porque os meninos não se legitimam, não têm seus sentimentos validados, são educados para serem mais fortes, corajosos, agressivos, conversamos sobre a masculinidade tóxica. Eles têm de pensar na escola em um lugar que precisa ser cuidado por todos.” A convivência, completa, é sempre um desafio, mas a sementinha da harmonia e cuidado tem de ser plantada e cultivada.

E tudo isso se reflete de alguma forma entre as crianças, que validaram de forma positiva a ação realizada no colégio. “Achei muito importante a iniciativa que tivemos, porque espalhar a paz é uma forma de conscientizar as pessoas a fazerem coisas boas e não ruins. A conversa que tivemos com os alunos também foi importante, porque falamos sobre os massacres nas escolas, e eles demonstraram preocupação e deram suas opiniões. Tudo isso foi uma maneira bem legal de mostrar aos alunos que a violência não é a solução”, afirma Mariana Moretti de Almeida, do 7ºA, que faz parte da Equipe de Ajuda.

Já Mariana Coelho da Costa e Silva, do 7ºB, acredita que o diálogo é a melhor opção, sempre. “Assuntos como esse devem ser tratados com atenção e cuidado. Amigos meus estão começando a ficar preocupados de irem para a escola, é muito importante o Xingu estar falando disso com todos.” E Isabela Fontes Gabriel, da mesma classe, completa: “Acho importante esse ato para se sensibilizar com tudo que está acontecendo. É importante para as pessoas que ficaram tristes e para os familiares que perderam pessoas num massacre, num assalto, que se sintam acolhidos e saibam que não estão só”, finaliza. 

É importante também que os pais ou familiares responsáveis pelas crianças mantenham a centralidade neste momento. Evitar a disseminação de fake news - sempre checar a veracidade antes -, evitar ver ou mostrar vídeos sensacionalistas, são alguns  cuidados necessários para não causar medo sem necessidade. E, na dúvida, buscar o diálogo na escola, até porque os responsáveis também precisam ser acolhidos neste momento em que todos ficam vulneráveis. Se informar do que está sendo feito no colégio serve de alento e segurança. 

Lembre-se de que o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) possui um canal de denúncias em parceria com a SaferNet Brasil, que recebe denúncias de crimes e violações de direitos humanos na internet. Você pode acessar o link: https://www.gov.br/mj/pt-br/escolasegura.