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Como o brincar na infância impacta a vida da criança?

‘É NA AÇÃO DO BRINCAR QUE A CRIANÇA EXPERIMENTA O MUNDO’, AFIRMA A EDUCADORA ROSE MARIA DE SOUZA EM ENTREVISTA PARA O XINGUCAST

Texto: Miriam Gimenes

Nas lembranças mais remotas que guardamos da infância, com certeza a maioria envolve momentos de brincadeira. Quando fomos ao parque com os nossos pais, a participação numa dinâmica escolar ou até mesmo em casa, ao criarmos atividades divertidas com irmãos e primos. Muito mais do que entreter no momento proposto, atividades lúdicas são importantes para o desenvolvimento da criatividade infantil, da interação interpessoal e até mesmo no auxílio da organização das emoções. Só há ganho.

E este é o assunto desta edição do XinguCast, em que convidamos a expert no assunto, a educadora Rose Maria de Souza, que é palestrante, trata de relações étnico-raciais, qualidade de vida e corporeidade, é graduada em Educação Física, artista, brincante, dança-educadora e docente em diversas universidades, onde ministra disciplinas como fábrica de brincadeiras, jogos de corpo e dança criativa. Ela nos fala sobre a importância do lúdico do ponto de vista educativo e terapêutico, além dos benefícios que refletem inclusive na fase adulta, onde é permitido, sim, brincar também. 

“No exercício do brincar, na execução do fazer, oficialmente a criança está desenvolvendo as competências físicas porque vai saltar, correr. Tem também a questão da criatividade, porque inventa, resolve, além da imaginação, o faz de conta, tudo isso pensando na perspectiva do desenvolvimento harmonioso. Também faz parte desta harmonia as relações interpessoais que acontecem dentro do ato de brincar, porque me relaciono com o outro, na relação positiva, me posiciono e disputo. Brincar é essencial para as crianças”, analisa. 

E essas atividades não se restringem a dentro de casa. As salas de aula são espaços em que a brincadeira traz benefícios em todos os sentidos. “Na escola tenho oficialmente o dever de aprender a me relacionar com os outros. Na sala de aula consigo perceber a importância da diversidade, da singularidade, de investir na minha autoestima e respeitar o outro, saber os limites. É fundamental no espaço escolar ter o direito de brincar e assim a criança experimenta o mundo.” O suporte técnico, pedagógico e metodológico oferecido pelos profissionais da educação são essenciais para dar aos pequenos subsídios para a prática lúdica de forma assertiva. 

Além das questões já mencionadas - criatividade, relacionamento, corporeidade -, o brincar também auxilia na formação da personalidade e na saúde mental. A partir do momento que a criança se conhece, identifica as necessidades do amiguinho, ela também experimenta sensações, sentimentos e vai aprendendo a lidar com tudo isso. É claro que a pandemia, que cessou as relações interpessoais por determinado período, atrapalhou bastante este quesito. Como brincar se estamos longe dos amigos? Por isso, é preciso também pensar sobre o aspecto psicológico desta situação. 

“A nossa preocupação com a saúde mental é grande. Vejo pelos jovens que dou aula, eles não estão sabendo escutar, falar e quando saem para atividades presenciais têm dificuldade imensa para o próprio corpo. E é uma sequela da pandemia que temos de investir muito em tratar. As crianças têm de ser protegidas, têm o direito de ser e estar”, ressalta a educadora. Por isso, fugir da tecnologia, experimentar brincadeiras ao ar livre, de dança, estimular a gargalhada, são ações essenciais para encontrar o equilíbrio físico e mental. “A criança precisa experimentar o mundo no sentido mais amplo da palavra. E se ela criar essa autoconfiança, acreditar que pode tudo, como no ato do brincar, ninguém segura esse pequeno.” 

E não é porque os pais são adultos que não devem entrar na onda. Separar um tempo na rotina corrida, ainda que um dia do fim de semana, e se dedicar - sem eletrônicos - a se divertir com o filho, além de aproveitar o tempo de uma forma saudável, cria vínculos para a vida toda. Voltando ao início deste texto, não há quem se esqueça de uma brincadeira no parque com a família em um lindo dia de sol, certo? Brincar é sinônimo de saúde e de memórias lindas.

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