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Encontro Literário do Colégio Xingu terá sessão de autógrafos com autora do livro sobre crianças refugiadas

Texto: Miriam Gimenes

 

O Colégio Xingu está na contagem regressiva para Encontro Literário, evento que será realizado no dia 9 de novembro e sintetiza a valorização que a escola dá para a leitura. Esta edição contará com uma convidada especial: a autora Maísa Zakzuk, que lançará o livro Eu Estou Aqui (Panda Books, R$ 42), em que conta a história de 12 crianças refugiadas que vieram para o Brasil com seus familiares por problemas em seus respectivos países. Uma delas é Ghazal Hamoudeh, 11 anos, que nasceu na Síria e, este ano, junto com suas duas irmãs, passou a compor o grupo de alunos do Colégio Xingu.

As duas, Maísa e Ghazal, estarão juntas para uma sessão de autógrafos no evento, das 11h às 12h. “É uma honra ter participado do livro e é muito interessante para mim contar para outras crianças o que me fez vir parar no Brasil. Fico com o coração batendo mais forte de vergonha, mas é legal”, comemora Ghazal, que chegou com sua família no Brasil quando tinha 5 anos. O convite para participar da publicação, explica, surgiu no ano passado, quando estudava em uma escola municipal. “Lá, tinham vários refugiados e depois de conversarmos, a Maísa me escolheu entre os sírios”, lembra.

A ideia de levar a história da aluna e de outras crianças para o Encontro Literário partiu da direção do colégio. “Quando tomamos conhecimento do livro, achamos muito oportuno a vinda de Maísa para o encontro, porque é uma festa que respira toda importância que a escola dá para a formação literária de nossos alunos. Queremos que isso (livro) sirva de exemplo para outras famílias, alunos, porque mostra como é possível fazer do sofrimento uma possibilidade de dizer: ‘nós (refugiados) estamos aqui e podemos muito contribuir para a sociedade ser melhor e mais justa’”, explica a diretora do colégio, Viviane Passarini.

Segundo ela, esta não é a primeira vez que o Xingu tem refugiados entre os alunos. “Já recebi uma família de africanos, que eram de Angola. Dois meninos e uma menina. A mãe veio para o Brasil terminar a residência no Hospital Mário Covas, em oncologia, e aprendemos muito com essa família. O tempo todo ela dizia: ‘eu vou voltar para o meu país, porque lá precisam de médicos com essa especialização e não tem. Quero fazer a diferença no meu país’. É muito bonito isso.”

Maísa, que se emocionou com o convite da escola, diz estar ansiosa para o reencontro com Ghazal e em dar depoimento aos alunos sobre o trabalho que fez com os refugiados. “O resultado final do livro ficou interessante, porque você tem nas entrelinhas aspectos que podem ser abordados como o acolhimento, o pertencimento e a identidade. O que percebi é que não é só eles (refugiados) que ganham em estar aqui, as escolas também ganham muito em trazer essas pessoas de fora”, conclui a autora. “A Ghazal me impressionou muito porque ela é uma criança moderna, para frente, embora queira preservar suas tradições. Ela quer buscar mais e vai voar longe”, acrescenta.

A autora também conversou com pequenos refugiados da República Dominicana, Marrocos, Venezuela, Haiti, Paraguai, Bolívia, Coréia do Sul, Líbia, Palestina, República Democrática do Congo e Angola. “Falar sobre este livro me deixa com lágrimas nos olhos porque faz com que nos atentemos a essa questão do imigrante e trabalhe o acolhimento e respeito às individualidades desde cedo. As crianças de hoje estão muito mais tolerantes, mas alguns adultos ainda não, infelizmente.” Para ajudar na compreensão dos pequenos leitores, em todos os personagens do livro a autora colocou notas com informações sobre o país de origem e o que mais achou pertinente que as crianças soubessem. “O meu sonho é conversar com eles daqui alguns anos para ver como estão.” Ghazal, certamente, estará estudando para o seu objetivo futuro: ser advogada. “Não gosto de injustiça e quero ajudar as pessoas a lutarem pelos seus direitos”, justifica a garota.
EM NÚMEROS - Dados divulgados pelo Conare (Comitê Nacional para os Refugiados) na 4º edição do relatório Refúgio em Números, o Brasil reconheceu, apenas em 2018, um total de 1.086 refugiados de diversas nacionalidades. Com isso, o país atinge a marca de 11.231 pessoas reconhecidas como refugiadas no País.