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Cybereducação: Como ajudar meu filho a conviver na internet de forma saudável?

Texto: Miriam Gimenes

Se antes instruir as crianças tinha como foco monitorar suas atitudes interpessoais e o conhecimento a ser adquirido, hoje o cenário mudou. Quem é responsável pela educação de crianças e jovens - em casa e na escola - tem também de dar atenção às suas ações na internet, ferramenta que teve seu uso intensificado agora, durante a quarentena. E foi com esta preocupação que o Colégio Xingu fez uma live para discutir sobre os impactos das agressões virtuais e refletir sobre a necessidade de favorecer a cyberempatia para a conquista da convivência ética em espaços virtuais.
(Assista a live gravada clicando aqui)

Mediada pela diretora da escola, Viviane Passarini, a conversa foi feita entre as integrantes do GEPEM, a professora e formadora Fernanda Issa e a especialista em relações interpessoais na escola e construção da autonomia moral, Thais Bozza, com participação de alunos. O objetivo da transmissão foi discutir os casos de bullying ocorridos nos últimos meses, que atacam não só os alunos como também professores e familiares, o abalo psicológico que eles podem ocasionar e de que maneira os pais e escola devem trabalhar para que, em conjunto, possam desenvolver a empatia nas crianças.

Thais trouxe para os espectadores uma reflexão sobre o tempo em que vivemos, muito mais conectados. “Temos visto quando acompanhamos as escolas que os problemas de relacionamento na internet aumentaram. Não que não existissem, mas agora estão mais evidentes, frequentes, porque é um meio em que as pessoas, inclusive os jovens, estão se relacionando o tempo todo”, diz. Em sua pesquisa, a especialista tem estudado muito as agressões virtuais, chamadas de cyberbullying, que ganhou diversas formas.

Entre os exemplos, ela aponta uma crescente onda de ofensas em grupos de Whatsapp e o chamado ‘shaming’, que em tradução quer dizer ‘fazer passar vergonha em público’. “Ele ocorre quando se está assistindo a uma aula online e um dos participantes tira print de uma careta do colega ou do professor. Com a imagem, faz um meme e compartilha, fazendo com que a pessoa se sinta humilhada”, explica. Outro caso comum é o chamado ‘cancelamento’, ocorrido principalmente com o corpo docente das escolas. Este, acrescenta, se relaciona com o chamado linchamento virtual, que ocorre quando a pessoa fala algo que alguns não concordam e, por isso, passa a ser atacado, principalmente nas redes sociais, até que saia da internet.

Um dos facilitadores de tais atitudes, diz Thais, é o afastamento ocasionado pelas relações virtuais. “Muitas pesquisas têm mostrado que com o distanciamento físico é difícil ter empatia, principalmente quando não vemos a consequência dos atos na vida do outro. Muitos esquecem que essa pessoa tem sentimentos, é humano.” É aí que entra a cybereducação. “A gente entende empatia muito mais como capacidade de se conectar e estar sensível ao sentimento do outro. É de fato eu entender, me conectar com a situação que o outro está vivenciando. É isso que tem de ser trabalhado”, sugere.

Durante a live, diversos pais apresentaram dúvidas, como, por exemplo, a melhor maneira de impor limites às crianças, como supervisionar as atividades online dos filhos e de como agir em casos de agressões ocorridas durante jogos, atividade comum entre os adolescentes. “A reflexão que fiz, de forma geral, é que quanto menor a criança, mais importante uma supervisão parental. Ver o tipo de conteúdo do jogo, quais são pessoas que estão se relacionando online, se elas conversam com desconhecidos”, aconselha. Com os maiores, que ficam mais resistentes em mostrar o que estão fazendo, é importante despertar para as consequências das ações no meio virtual. “Para tanto, precisa utilizar exemplos, como do Felipe Neto (youtuber que tem sofrido constantes ataques de fake news), por exemplo. É discutir junto e ouvir o que o filho acha da situação e então propor uma reflexão de se colocar no lugar do outro”, afirma a especialista. Estar junto e conversar são duas atitudes essenciais para formar internautas conscientes e responsáveis.