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Colaboradores do Colégio Xingu trocam aprendizados em Clube de Leitura

Texto: Miriam Gimenes

“O Colégio Xingu sempre buscou (e tem alcançado) um lugar como escola que fomenta a leitura literária e possui um plano institucional garantindo que o currículo das crianças contemple essas questões. Entretanto, se buscamos uma comunidade de leitores, é necessário que os funcionários também estejam envolvidos e apaixonados pelos livros.”

Há cerca de um ano, grande parte dos colaboradores do Colégio Xingu tem um compromisso em comum: participar do clube de leitura. Realizado uma vez por mês, o encontro virtual serve para que os funcionários, de diversos setores, se reúnam para conversar sobre o livro escolhido. O único compromisso dos participantes é fazer a leitura e participar da conversa, para trocar ideias sobre o texto e os ensinamentos assimilados. E alguns deles, no mês de Abril, em que se comemora o Dia Mundial do Livro, chegaram até a sugerir suas obras favoritas nas redes sociais da escola.
A coordenadora de Língua Portuguesa e professora de biblioteca da escola, Mileny Beccaria Vasconcellos, curadora das publicações sugeridas, explica que a ideia inicial é que as rodas de discussão fossem feitas na escola, mas apenas o primeiro ocorreu desta forma, em razão da pandemia do novo coronavírus. “O Colégio Xingu sempre buscou (e tem alcançado) um lugar como escola que fomenta a leitura literária e possui um plano institucional garantindo que o currículo das crianças contemple essas questões. Entretanto, se buscamos uma comunidade de leitores, é necessário que os funcionários também estejam envolvidos e apaixonados pelos livros”, diz Mileny.
Segundo ela, o encontro tem crescido cada vez mais. “Todos se sentem pertencentes e aguardam ansiosos pela reunião do mês. No primeiro encontro, definimos que as escolhas do livro seriam ‘surpresa’, assim entraríamos em contato com livros diversos e que, provavelmente, não escolheríamos por conta própria. Além disso, os participantes têm gostado muito de conhecer livros de culturas diferentes.” Entre os títulos escolhidos, já estiveram de autores brasileiros, africanos, europeus e, no último encontro, se aventuraram também na literatura asiática. “Mas isso não significa que sempre temos uma opinião unânime sobre as obras, já aconteceu de parte do grupo não gostar do livro do mês e outra parte adorar, e isso é muito bom também”, diz a professora de biblioteca.
O escolhido do mês é o livro As Brasas, do poeta e dramaturgo húngaro, Sándor Márai. “Acreditamos que a leitura faz mais sentido se nossas experiências e opiniões puderem ser compartilhadas. Esses encontros têm possibilitado uma aproximação entre nós como amigos e também um estreitamento em nossos laços como leitores”, analisa Mileny.
Além de Mileny, outra integrante do Clube é a professora de Ciências, Camila Souza Rodríguez del Castillo. Ela disse que quando foi sugerida a ideia de fazer o Clube de Leitura, achou interessante trocar experiências sobre os livros sugeridos, mesmo sem ter participado antes de algo parecido. “No início fiquei um pouco apreensiva, temendo não dar conta de cumprir com os prazos, ou ainda de não gostar de algum livro e me desmotivar. Mas a coisa foi fluindo de uma maneira tão gostosa! Realmente gostei mais de alguns livros do que de outros, mas até aqueles que eu normalmente não escolheria para ler, mexeram comigo.”
Camila disse que sempre gostou de apreciar as obras no seu ritmo e já chegou a ficar meses sem pegar em um livro. “O Clube me trouxe a disciplina de que eu precisava para me apaixonar pela leitura. Hoje tornou-se um hábito na minha vida. Sinto falta, quando um livro acaba, e já quero começar outro”, diz. Para ela, compartilhar as sensações e aprendizados da leitura é o que a motiva a participar sempre. “É muito enriquecedor. Sempre aprendo coisas novas ouvindo algum colega, descubro algo do livro que não tinha prestado atenção ou simplesmente, aprendo a aceitar e respeitar opiniões diferentes das minhas. Isso é sensacional!” O seu preferido dos já apreciados foi A Vida Invisível de Eurídice Gusmão, da jornalista e escritora pernambucana Martha Batalha.
Já a professora do 2º ano, Tatiane Araújo, diz que o Clube é um sonho antigo na escola. “Antes trocávamos figurinhas apenas entre três ou quatro pessoas, indicações entre amigos. Mas quando a Mileny conseguiu concretizar esses encontros foi muito bacana. Até porque foi uma possibilidade de ajudar outras pessoas que não tinham o hábito da leitura a se encontrarem.” Ao "devorar" os livros sugeridos, completa, ela vê uma possibilidade de viajar e apreciar novos gêneros, de conhecer autores e aumentar o repertório pessoal literário de forma significativa.
O fato dos encontros terem tomado corpo neste momento pandêmico tem sido um alento, inclusive no quesito psicológico. “Foi uma maneira de a gente poder se encontrar, trocar uma ideia, se ver mesmo que fosse pela tela. Na verdade, é muito enriquecedor ativar a sua escuta para visão do outro, que às vezes é um pouco ou muito diferente da sua e tudo bem. Também é um momento de cuidado conosco, que se tira um tempo para você em tudo isso que estamos vivendo. Tem nos enriquecido enquanto profissionais e pessoas ao mesmo tempo”, analisa Tatiane. Afinal, como disse o escritor francês Voltaire, ‘a leitura engrandece a alma’.