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“Café com Pais” promovido no Colégio Xingu discute as fases de desenvolvimento da criança

Por Miriam Gimenes

Educar uma criança é um constante aprendizado. De modo a proporcionar a troca de experiência entre pais e educadores, o Colégio Xingu promoveu o Café com Pais, mediado pela psicóloga Carolina Otero, no início de junho. Com o tema Da infância à adolescência: quais são os principais desafios?, os pais puderam colocar suas dúvidas, apresentar ideias e ter auxílio de profissionais para que possam, em conjunto, lidar com os conflitos em casa e na escola da melhor maneira possível.

A psicóloga Carolina Otero classificou o encontro como muito produtivo. Entre as principais dificuldades colocadas em discussão foi de que maneira deve-se dar limites aos filhos. “A dúvida é até quando os pais podem dar limites, o que seria de fato intromissão na vida do filho e o que seria classificado como cuidado. Uma preocupação muito comum, mesmo com as faixas etárias diferentes, é com relação aos eletrônicos, até que ponto esse novo modelo de comunicação e entretenimento é benéfico para as crianças e, principalmente, como saber o que eles estão fazendo neste instrumento”, lembra. Segundo a profissional, é normal os pais se sentirem em eterno delay. “Quando vamos nos adaptando, a demanda já mudou”, ressalta.

Em razão da sua experiência profissional, Carolina diz que colocar para discussão essa e outras dúvidas é bom não só para ajudar a solucioná-las, como também para que os pais se entendam, se acalmem e possam, cada família à sua maneira, achar a solução mais viável. “Não tem uma receita (para resolver os problemas). A gente pode, na verdade refletir, trocar experiências e, principalmente, confiar no que estamos fazendo.”

Mas, para ajudar os pais nessas tarefas diárias, as conversas durante o encontro foram feitas por faixa etária. Para aqueles que têm filhos na primeira infância, por exemplo, foi exposto o ponto de vista emocional das crianças e como pode-se contribuir no seu desenvolvimento. “Dos 3 aos 6 anos, que a criança está voltada para ir descobrindo a questão de autonomia, o que a gente pode fazer é deixa-la desenvolver as coisas sozinha. O 'sim' e 'não' é mais fácil delas entenderem, mas o talvez é mais difícil nesse jogo da autonomia.” É preciso incentivar o senso de confiança, dar liberdade para florescer a autoconsciência e deixá-las substituir os julgamentos dos pais pelos delas próprias. Até o fim dos 6 anos é comum o humor bipolar, interesse em conhecimento, regras, limites e convenções.

Já para as crianças do Fundamental 1 (7 aos 9 anos), o que deve ser ressaltada é a competência de cada um e ensiná-los a lidar com os fracassos. “O nosso desafio é ajudar a lidar no que ela faz bem e reconhecer o que não faz bem. Ela (criança) não pode se inferiorizar com o que não faz bem. Tem de encontrar um equilíbrio, porque os dois extremos são ruins para o desenvolvimento.” A partir dos 7 anos, consolida-se a empatia, além das preocupações sociais e com a autoimagem. Dos 8 a 9 anos, as crianças passam a ter senso de justiça, honestidade e verdade, aceitam limites entre os pares e passam a ter responsabilidade.

A adolescência, acrescenta a profissional, é uma fase de luto, tanto para o jovem quanto para os responsáveis. “Os pais perdem o filho criança e o jovem perde a criança que foi, mesmo que ainda não seja um adulto.” E o que agrava esse período, além desse conflito de gerações, são as alterações hormonais, a oscilação de humor, o isolamento, além da perda da inocência. “O desafio dos pais neste período é manter a estabilidade emocional, reconhecer o seu lugar no comando deste 'navio', pois a crise adolescente é uma tormenta, mas passa”, finaliza Carolina.