Blog

Aluna do Xingu participa de live sobre atuação da Equipe de Ajuda em casos de Cyberbullying

Texto: Miriam Gimenes

A tecnologia tem sido essencial neste período de isolamento social. E, ao mesmo tempo que ela traz diversos pontos positivos, principalmente nas relações pessoal e profissional, ela também pode ser uma ferramenta bastante nociva. Foi para discutir as situações de cyberbullying que ocorreram durante a pandemia e como as equipes de ajuda das escolas podem atuar em situações de agressão virtual, que as integrantes do GEPEM (Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Moral da Unesp/Unicamp) conversaram com alunos - inclusive do Colégio Xingu - que atuam nessas frentes. (Assista a gravação da live completa clicando aqui)

A escolhida para representar a equipe do Xingu, que desde 2018 promove esse trabalho com os alunos, foi a aluna do oitavo ano, Gabriela Ferrante. A estudante expôs a maneira como a escola tem atuado durante a pandemia, com encontros on-line e conversa com alunos que apresentam necessidade, de maneira individualizada. “Nós ficamos observando as postagens e, se notamos algo de errado, chamamos esse colega pelo direct (mensagem direta). Em casos de dificuldade, contatamos os adultos para tomarmos providências”, explicou.

Segundo Gabriela, toda a formação que as equipes receberam ajuda na hora de identificar problemas, que muitas vezes não é visível aos olhos dos mais velhos. “Embora muitos achem que nós não fazemos nada, porque não divulgamos muito para não expor os alunos que precisam de ajuda, há muito trabalho por trás das equipes”, ressalta. Também participaram da conversa alunos da escola Biocêntrico, de Nova Odessa, e da escola Mobile Integral, de São Paulo. Entre os casos citados pelos jovens, tem a propagação de memes compostos com imagens printadas durante as aulas on-line e gifs feitas com fotos dos alunos, além de postagens que denotam tendências suicidas.

A professora coordenadora do GEPEM, Luciene Tognetta, ressaltou que o fato das pessoas estarem conectadas o tempo todo tem impactado nas relações. “Os alunos ouvidos nos mostram do ponto de vista da prática o que estudos pelo mundo têm constatado: a necessidade da participação das equipes nas situações de intimidação como sendo as formas mais eficazes de resolver os problemas de convivência virtual. Os alunos podem intervir diretamente em situações que nós adultos, diretores e pais pouco sabemos, porque dizem a respeito de uma característica da juventude. Têm coisas que eles não querem conversar com os adultos, mas sim com os pares”, analisou.

De maneira conjunta, norteada pelos adultos responsáveis pelas equipes, eles podem discutir como o problema pode ser resolvido de forma equilibrada. “E não só a resolução de conflitos como também é importante para a construção de princípios e valores.  É preciso falar sobre as questões de gênero,  de que homem e mulher precisa ser tratado com a mesma dignidade, para que esses meninos também possam saber até onde podem ir. Têm de saber ‘não posso tirar sarro, não posso agredir alguém em função do gênero, crença, ideologia, qualquer que seja a diferença”, acrescenta Luciene. Assunto mais que atual.

É verdade que essa falta de perspectiva de futuro, de incertezas em relação à doença, dos estudos, tudo isso gera ansiedade, medo, preocupação, raiva e uma forma menos equilibrada de resolver os conflitos. Mas não é porque a pessoa não está bem, que tem de descarregar no outro as suas frustrações. Desenvolver a empatia, no caso, é um dos remédios para frear o cyberbullying. “É preciso ter empatia nas relações virtuais, especialmente neste momento na pandemia, em que as relações estão intensas. Tem de ajudar o aluno a imaginar alguém que não está vendo e pensar no que ela possa estar sentindo. Se recebo um meme, por exemplo, não vou repassar pensando na dor do outro”, analisou Fernanda Issa, especialista em relações interpessoais na escola e construção da autonomia moral, integrante do grupo GEPEM, que faz o treinamento das equipes de ajuda do Colégio Xingu.

É, segundo ela, o chamado ‘calçar os sapatos do outro’.  “A ausência da cyber empatia pode desencadear situações ruins, como o preconceito, por exemplo. A escola é um lugar importante para o desenvolvimento da empatia. É  importante mostrar para os jovens como as pessoas pensam, sentem. Com este trabalho (das equipes), há uma melhora nas relações interpessoais, na estabilidade emocional e, consecutivamente, na saúde mental.”